A lavagem nasal nos bebés e nas crianças pequenas é como para os adultos um “lenço”. É a única maneira de eliminar secreções que se encontram nas fossas nasais, uma vez que eles não se conseguem assoar. Desta forma, as mesmas ficam obstruídas, dificultando assim a sua respiração e a hora da alimentação (mamada ou comida sólida), podendo ainda potenciar o aparecimento de infeções respiratórias.
Em qualquer altura da vida do bebé, os pais terão de fazer a lavagem nasal com soro, especialmente em recém-nascidos e em bebés até aos 6 meses de idade. Estes bebés respiram preferencialmente através do nariz, pelo que quando o nariz está obstruído o desconforto para o bebé é muito grande!
Pode ser realizada todas as vezes que sentir que o seu bebé tem presença de muco, privilegiando a sua realização antes das refeições e/ou antes dos períodos de sono. Se o bebé estiver a respirar bem não é necessário estar a irritá-lo com a instilação de soro fisiológico.
A lavagem nasal não é preventiva e, a menos que a situação seja crónica e o médico ou o Fisioterapeuta assim o indiquem, não deve ser realizada diariamente!
Como fazer a lavagem nasal?
Materiais
- Soro fisiológico a 0,9%: em unidoses ou frascos maiores (estes últimos de preferência que sejam frascos com tampa de enroscar);
- Seringa;
- Adaptador de seringa: ponteira de silicone maleável que vai funcionar como “vedante” da narina. Este adaptador vai “vedar” a narina devido ao seu formato de pera, evitando magoar o bebé ou o seu nariz, devido à ponta arredonda;
- Irrigador nasal de difusão lenta: indicado para crianças mais velhas para que, de forma independente, consigam fazer a lavagem nasal sozinhas.
Quantidade a ser usada
- Dos 0 aos 2 anos: recomenda-se que, em cada narina, seja instilado inicialmente 2ml, aumentando progressivamente até 5ml e posteriormente até aos 10ml, à medida que o bebé vai crescendo.
- Dos 2 aos 8 anos: recomenda-se que se inicie nos 5ml, aumentando progressivamente até 10ml e posteriormente até 15ml. Mais uma vez o aumento deve acompanhar o crescimento da criança.
- Dos 8 até adultos: pode-se utilizar desde 10 ml até 20ml, de preferência usando o irrigador de difusão lenta.
Procedimento
Antes de realizar a lavagem nasal com soro aconselha-se que prepare previamente o material necessário. Tenha perto de si duas seringas, uma para cada narina, cheias com o volume de soro adequado à idade do bebé. Pode também ter apenas uma seringa com o volume total a ser utilizado. Aconselha-se que o soro esteja à temperatura ambiente ou ligeiramente aquecido, para evitar que a mucosa das fossas nasais fique irritada. Para aquecer basta friccionar a seringa entre as mãos ou junto do peito.
Recomenda-se a utilização de uma toalha de rosto, manta ou fralda de pano é como forma de envolver o bebé e mantê-lo mais contido e seguro durante a lavagem nasal.
O bebé deve ser colocado na posição de sentado, com o tronco ligeiramente inclinado à frente e a cabeça inclinada para o lado contrário àquele onde vamos instilar o soro fisiológico. Esta posição previne que o bebé se engasgue e que o soro e o muco progridam para o ouvido, evitando as otites.
A instilação do soro não deve ser feita de uma forma rápida, mas sim de uma forma contínua. O soro deve sair pela narina contrária, de modo a permitir uma limpeza por arraste do muco. Nesta limpeza, serão retiradas impurezas, vírus ou até mesmo bactérias. Deve fazer-se o mesmo procedimento na narina contrária. A lavagem é sempre feita por volumetria e não por pressão, ou seja, dá-se privilégio à quantidade de soro e não à pressão!
Conselhos
Para além da lavagem nasal com soro, aconselhamos também que o bebé brinque no chão de barriga para baixo (tummy time). Esta posição facilita a ativação do diafragma, uma vez que é o principal músculo responsável pela respiração. Nesta posição, o bebé ganhará maior estabilidade no tronco e isso, por sua vez, facilitará a função e o controlo do diafragma, favorecendo uma tosse mais eficaz e também um melhor desenvolvimento das apófises mastóides.
Para o seu correto desenvolvimento as mastóides precisam do estímulo dado pela musculatura do pescoço. O seu correto desenvolvimento é importante pois são o reservatório de um gás que ajuda a compensar as variações de pressão no ouvido médio, em conjunto com a trompa de Eustáquio. Esta sinergia serve de prevenção mecânica das otites, tão comuns no bebé.
Se observar que o seu bebé está prostrado e irritado, que diminuiu o apetite ou que alterou o padrão de sono, pela presença persistente de secreções, não hesite em contactar-nos para agendar uma sessão e ajudá-lo a perceber quais as melhores estratégias que poderá utilizar.